segunda-feira, 19 de março de 2012

Corpoalíngua Obscênico


Clarissa Alcantara: corpo+alíngua = corpo desrostificado, pré-individual, impessoal, um corpoema sem juízo, sem organismo, descolado da língua.

obs+cênico = obscuridade que clareia. "Proliferação anônima de corpos minuciosos, exuberantes, disformes, libertinos, provocativos, desarrazoados, invadindo com furor o fora obscuro da cena. Obscena".

CORPOALÍNGUA OBSCÊNICO: ato/processo proposto pelo N3Ps ao Obscena, uma vivência performática do aqui-agora em permanente movimento descontínuo, informe, de arrebatamento. Corpos impuros, obscuros, invadem o espaço da Gruta, com seus mundos íntimos, ruidosos, efêmeros, atônitos, ficcionais, emblemáticos. Gestos sonoros, poemas espacionais, singularidades agônicas, nascem num presente perdido de qualquer intensão, dissolvidos em acontecimento. Arte que provoca vida. Uma experienciação sem acúmulos.




Clóvis Domingos: 03 de Março de 2012. Casa de Passagem. 23 horas e alguma coisa...Perdi a noção de tempo. Primeiro dia de Experimenta na Gruta. "Meu coração vagabundo quer guardar o mundo em mim". Giros. Corpoalíngua obscênico porque obscenidade é estar na presença e beijar o Acaso, o Instante, o Momento.

Foi (é) como uma onda que vem e passa. Águas chamam águas que desaguam em corpos que fluem num mar de Acontecimentos. Escrevo encontros, fluxos, ondulamos ondulantes saltitantes desejantes a vida com seus ruídos... Projeções, sonoridades, vozes, corpos nômades, Clarissa chega e me leva para outro canto, são portas que se abrem. Clarissa serpenteia e voa.

Leio: " Seus rostos esvoaçam como borboletas(...) Tudo ondula, tudo dança. Nada se fixa. Tudo é rapidez e triunfo." (AS ONDAS. VIRGINIA WOOLF)


Matheus Silva: Arte-vida. Erosão dos contornos. Atuantes tornam expressas as forças, indiscerníveis com o mundo. Perderam-se de si. Misturaram-se com quantidades desconhecidas. Como desfigurar-se e se re-inventar a partir de um esquecimento? Esquecer-se de si e cair no exterior. Correr ao encontro das velocidades, povoar um deserto com sua singularidade sem nunca o habitar, sem cavar covas. Cartografar como um trinco na parede lisa e estriada. O nomadismo é solitário, porém repleto de encontros e conexões. É preciso lançar o corpo para a urgência do instante, sempre movediço.


Clóvis Domingos: 05 de Março de 2012.

Joca Amore,

ainda estou nas ONDAS do Experimenta-Experimenta da Gruta de ontem....momentos de plenitude, sustos e acontecimentos....corpos nômades obscênicos fluindo num mar de cores, formas e sons...Muita vida, muita presença, intensidades até agora aqui momento instante ai, que delícia!!!! Olha a delícia, sinta as delícias que sinto também daqui.


Macumba nômade obscênica (Nina Caetano)

Fotos: Clarissa Alcantara e Alice Floripes